Ai,ai… Parece que quando não há nada para nos horrorizar na internet, vem a Capricho
e TCHAN! A última da revista foi colocar um garoto para listar o que
seriam meninas “pra ficar” e as “pra namorar”.
A “matéria” foi retirada
do site, mas recomendo a leitura desse post do fashionatto sobre o assunto.
Como se imagina que todos que trabalham lá sejam adultos e mesmo
formados, publicar algo do tipo é incrível! Mas enfim, foi o que me
inspirou a escrever a coluna de hoje.
Não,
não vou listar os gays que “servem” pra namorar ou os que são só para
uma ficadinha de fim de noite, lamento. É triste, mas não preciso
fazê-lo porque esses pensamentos moralistas já estão bem presentes em
nossa comunidade, apesar de toda a transgressão de tipo, sei lá, dar a
bunda ou rezar para a Cher…
Isso é estranho porque quando uma pessoa
se assume gay não está apenas declarando sua orientação sexual, mas
também admitindo uma posição social à parte, fora das convenções. Dá
para ser monogâmico, pudico ou repleto de senso moral dentro dessa
escolha? Com certeza! Mas não faz sentido que isso sirva para julgar os
outros como se o que alguém faz na cama estivesse aberto à discussão.
Ora, não é exatamente o que não queremos que “a sociedade” ou “os
heterossexuais” façam conosco?
Curiosamente, estamos o tempo todo
reproduzindo preconceitos e criando pequenas “normas punitivas sociais”.
Sim, somos humanos e todas elas são produto de estímulos do ambiente e
encontram eco nas nossas cabeças de acordo com nossas vivências, mas
manter isso é uma escolha. Nós escolhemos entre achar que aquele amigo
que “pega geral” na balada é “uma vagabunda promíscua” ou simplesmente
alguém que sabe se divertir. Ah, eu estou defendendo a libertinagem?
Poderia ser, quero mais é que todo mundo goze muito e seja feliz, acho
que o mundo daria uma melhorada… Mas nem é isso. Estou defendendo é o
fim do falso moralismo entre os gays.
Se você se sente melhor fazendo sexo
somente quando há envolvimento emocional, é monogâmico, associa “quarto
escuro” apenas ao cinema e nunca sequer ouviu falar de “bukkake”, ótimo.
É uma escolha comportamental baseada num ideal construído – por e para
casais heterossexuais, é verdade, mas que podemos aplicar – há milênios.
Agora, se o seu negócio é “vamos curtir a vida e ninguém é de
ninguém”, ótimo também. Podemos dizer que você está de acordo com um
estereótipo da vida gay que é combatido por uns e celebrado por vários.
Nenhuma das duas opções é melhor do que a outra, pois não estamos em
nenhum concurso e aprovação social não é prêmio a se disputar.
Respeito tem que ser geral. Ele é uma
via de mão dupla: o “certinho” não deve julgar os outros por sua
cartilha, mas um “rebelde” também não pode exigir tolerância fazendo
chacota do amiguinho.
Ah, mas onde ficam as preferências? E se
você QUISER escolher alguém baseado no conceito de moral que adota? Vai
na fé, gato! Amor é amor e ninguém escolhe por quem se apaixonará. É
lógico que afinidades contam muito, mas no fim das contas não é isso que
garantirá o sucesso de um relacionamento, seja uma ficada ou um
casamento. Como a pessoa se comporta quando está solteira e
principalmente o que fez ou não no passado não são, necessariamente,
indicativos de como se comportará dentro de uma relação. Seres humanos
são menos absolutos que isso – por mais metódicos que alguns possam ser –
então procure dentro das suas preferências mesmo, mas tenha em mente
que talvez você se surpreenda.
Uma pessoa passa por diversas situações
na vida, então pode acontecer de você conhecer o seu “homem ideal” no
único dia em que, por acaso, ele foi parar num ponto de pegação porque
um amigo o levou e você também foi por acidente. E aí, você vai
acreditar que ele é “o cara” ou vai julgar que todo mundo ali “não
presta”? De repente, e se você o tivesse conhecido duas horas antes, num
local diferente, tipo o supermercado? Ele seria necessariamente “pra
namorar”? O contrário também se aplica porque, evidentemente, você pode
conhecer o “putão devasso” dos seus sonhos numa igreja – se pá, é até
mais fácil.
O gay “pra ficar” é aquele que te atrai.
Livre-se de preconceitos e talvez você descubra que o ursão é gostoso,
que a pintosa tem pegada, que o barbudo rebola como ninguém ou que o
baixinho é bem-dotado, seja lá o que for que você procure ou valorize.
Aí de repente, bate aquela química, vocês se apaixonam… e voilà! Você encontrou um gay “pra namorar”!
Permita-se. Seja livre. Seja fabuloso.
Fonte: Os Entendidos

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